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Vitalik Buterin analisa fim do Drex e a privacidade na blockchain

Durante sua visita ao Brasil nesta quinta-feira (6), Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, comentou sobre o término do Drex, o projeto de real digital do Banco Central, que foi anunciado recentemente. A conversa, feita em um hackathon do ETH Latam, tinha como foco a privacidade nas transações e abriu espaço para perguntas ao final.

Ao ser questionado sobre a suspensão do Drex, Vitalik ressaltou que essa discussão deve ser feita com bastante atenção aos detalhes. Ele enfatizou que é essencial distinguir entre as limitações estruturais do projeto e os problemas de maturidade tecnológica. “É preciso analisar: o Banco Central está insatisfeito com as soluções disponíveis devido a características fundamentais dessas tecnologias ou porque elas ainda não estavam maduras o suficiente?”, ponderou.

Ele lembrou que o ecossistema de blockchain evoluiu muito nos últimos anos. “A capacidade de realizar pagamentos privados, que há dois anos estava longe do ideal, hoje já é uma realidade”, afirmou.

Antes de decidir pelo fim do Drex, o Banco Central estava se afastando do uso da tecnologia blockchain, especialmente porque a privacidade das transações ainda não atendia suas expectativas. Para testar o sistema, utilizaram a Hyperledger Besu, uma versão do Ethereum que opera em redes privadas, permitindo um controle mais rigoroso.

Vitalik destacou ainda que muitas das questões de privacidade em redes públicas já foram superadas. O debate agora, segundo ele, deve se focar em entender o que realmente se espera dessas aplicações. “Tudo depende das propriedades específicas que se busca, do tipo de aplicação que se quer desenvolver e quais aspectos as plataformas atuais estão deixando a desejar”, explicou.

Ele trouxe à tona o projeto Aztec, exemplificando o amadurecimento na área. “Há dois anos, o Aztec era uma ideia ainda muito rudimentar. Mas agora ele conta com um sistema muito mais robusto de preservação de privacidade, com contratos inteligentes que funcionam na prática”, comentou.

Segundo Buterin, o avanço das soluções de zero-knowledge proofs (ZKPs), que permitem comprovar informações sem revelar dados pessoais, mostrou que a privacidade em blockchain não é mais um mero desafio técnico. O que há agora é uma questão de implementação e confiança. “Atualmente, você consegue gerar provas em menos de um segundo em um notebook e em poucos segundos no celular. Não é necessário ser um especialista em criptografia para usar uma biblioteca. É possível ter privacidade e descentralização ao mesmo tempo”, explicou durante sua apresentação.

Ele finalizou falando sobre a tecnologia. “Hoje temos a tecnologia pronta. Agora, precisamos focar na implementação”, afirmou Vitalik, deixando a plateia refletindo sobre as possibilidades que estão por vir no universo das criptomoedas e da blockchain.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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